As relações arrefecem. Ou amadurecem.
Isto de namorar há 5 anos é dose. E quem já namora há alguns anitos sabe que é dose. A paixão perde-se, deixa-se de se sentir aquele arrepio no estomâgo, deixa-se de dar quecas no carro, deixa-se de receber e de enviar mensagens enormes e de andar sempre colados aos beijos - há situações em que se deixa mesmo de dar beijos -, deixa de haver um surpresa hoje "porque sim" e uma amanhã "porque te amo"... Também se ganha muita coisa, é certo; ganha-se cumplicidade e confiança, o que por vezes é mau visto que a confiança é lixada... além de se quebrar com extrema facilidade - o que é uma chatice porque depois nunca conseguimos apanhar os cacos todos e juntá-los - faz-nos abusar. Eu, pelo menos, sinto isso: que abuso mais das pessoas que me são mais chegadas, a quem digo muitas vezes o que não sinto, e que são essas pessoas que me lixam mais a cabeça e que me dizem também coisas não sentidas. E não me refiro apenas aos namorados, mas também aos pais, irmãos e amigos mais chegados.
Há dias em que nada interessa além de estar com ele e outros em que nada interessa além de não o ver. Antes não era assim; antes queriamos sempre estar juntos e passar férias separados então era um desatino de choradeiras e saudades - agora por vezes até é um alívio poder laurear a pevide sózinha de vez em quando! E as mensagens? Longas mensagens de "és tudod para mim", "nunca te quero perder", "és a mulher da minha vida", "não consigo deixar de pensar em ti" deram lugar a um "bom dia", "estou a ver tv", "vou treinar", como se nem sequer pensasem em nós.... E nem quando estamos animaditas por alguma coisa, parece que a partir de uma dada altura é quase indiferente se estamos felizes ou tristes... É claro que antes havia muito mais dramatismo, mas até as discussões eram boas pelo ter que fazer as pazes... Agora as discussões são ainda mais parvas, nós sabemos como nos magoar um ao outro - e às vezes parece que o fazemos de propósito - e fazer as pazes é cada vez mais demorado, porque já não há aquela ânsia de estarmos juntos...
Há coisas boas,é certo. A amizade e a cumplicidade que se conquistam, o saber que podemos contar um com o outro, o amar sem pedir nada em troca, o imaginar uma vida ao lado daquela pessoa, porque apesar dos defeitos até a amamos bastante e até estamos quase dispostas a fingir que não sabemos que ele tem defeitos - pelo menos até à próxima discussão. Mas às vezes faz falta uma quota parte de magia, de paixão, da cegueira inicial, dos beijos molhados e do sexo no carro, porque é necessário apimentar a relação e não cair na rotina. São precisas mais 50 mensagens por dia a dizer que somos especias e que nos amarão para sempre.
Porque não há coisa pior do que passar a noite no sofá a ver televisão sem dizer quase nada um ao outro...
3 comentários:
é-me familiar a última frase. como é que frases tão banais dóiem tanto e são tão reais como o sol e a chuva?
eu sei, foi a pensar em ti que a escrevi (e na minha noite de ontem!)... As verdades custam, não sabias?
sim, sabia.lol as verdades custam a quem tá habituado a não as viver, ou a circundá-las!lol
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